Tuesday, February 20, 2007

1989 - O humor de bolso de José Vilhena



Humor, ideologia e censura são, para o autor, três entidades indivisíveis na obra estudada. Qualquer uma delas adquirindo características específicas consoante o tempo e o espaço em que se articulam. Um tempo português, certamente, aquele que José Vilhena retrata e, como bom retratista, distorce.
Mestrado 1989, publ. na Celta ed., Lisboa, em 2001.

Monday, February 19, 2007

1987



Publ. Europa-América, editor Francisco Lyon de Castro. Romance.

1984



Ed. & Etc. de Vítor Silva Tavares -- org. Leonor Areal e Rui Zink. Colaboram Alberto Pimenta, Miguel Vale de Almeida, Rui Simões. Esgotado até ao fim dos tempos

Saturday, February 17, 2007

Drama humano

Não concebo mais pungente

drama humano

que o do bombista suicida.

Esperando, coitado, encontrar

no Paraíso

as prometidas 40 virgens

(ou 70, nunca fui bom em Aritmética Divina)

e, quando lá chega, só há gajos.

(Mas, do mal o menos, virgens.)

Wednesday, February 14, 2007

in Público 14 de Fevereiro

O HIV apanhado num momento de fraqueza
A imagem poderá tornar-se histórica. Mostra pela primeira vez, com uma nitidez atómica, a ligação entre dois inimigos: uma proteína do vírus da sida (HIV) – a famosa gp120 – e um raro anticorpo com provas dadas para neutralizar o HIV... Foto: NIAID

Father And Daughter

O melhor desenho animado do mundo. E porquê? Porque tem tudo: simplicidade, forma, uma grande ideia-mestra. Porque é tocante. Porque é difícil não ficar comovido mesmo quando se vê pela enésima vez. Porque é um poema em forma de animação como só a animação conseguiria dizer. Porque, embora antes e depois o Michael Dudok De Wit tenha mostrado que este é oseu estilo, nunca antes nem depois foi capaz de fazer igual -- e é provável que nunca mais consiga. Estou particularmente orgulhoso de ter integrado o júri internacional do Cinanima 2000 (para quê falsas modéstias? tenho montes de qualidades mas a humildade nunca foi graças a Deus uma delas), digo, presidido ao júri que lhe atribuiu o grande prémio com o qual o filme foi aceite nos óscares 2001. O resto é história.

Tuesday, February 13, 2007

O dia a seguir à vitória


No dia a seguir à vitória estamos todos um bocadinho neo-realistas.

Os nossos olhos, lacrimejantes, comovidos, estão neo-realistas,

a fruta nas mercearias e nos mercados está neo-realista.

Até o sol, brilhando lá no alto para todos nós, está neo-realista,

é uma alegria.

No dia a seguir à vitória somos todos irmãos,

irmãs,

todos nos amamos olhos nos olhos,

sorrindo.

No dia a seguir à vitória todos praticamos incesto

alegremente

e ninguém se sente culpado neste país de

Marias Eduardas e de Carlos Eduardos.

No dia a seguir à vitória o mundo é amplo e

até a rua mais vazia é um mar de gente e

não há carros.

No dia a seguir à vitória tu atendes os meus telefonemas e

és simpática para comigo.

No dia a seguir à vitória somos felizes e

ninguém se importa que o autocarro esteja atrasado

nem que chova ou faça sol

nem que os camiões do lixo estejam em greve

há mais de duas semanas.

No dia a seguir à vitória confiamos em toda a gente,

até naqueles que,

a olhos vistos,

nos querem como sempre enganar e

roubar

a esperança, a voz, a alegria de viver.

No dia a seguir à vitória todos fazemos poemas com palavras esdrúxulas e

rimas em ar e

ninguém se sente ridículo.

No dia a seguir à vitória,

faça chuva ou faça sol,

vamos todos para o emprego de mangas arregaçadas.

No dia a seguir à vitória as crianças desobedecem aos pais e

é assim mesmo que deve ser.

No dia a seguir à vitória ninguém tem medo que seja tarde

para fazer o que nunca ousámos sequer pensar.

No dia a seguir à vitórias não há ressaca,

por muito mau que seja o vinho que bebemos

na hora de festejar.

No dia a seguir à vitória ainda estamos um bocadinho felizes

e ainda

não

deixámos

de

acreditar.

Tuesday, February 6, 2007

Mais um upgrade

ÚLTIMA HORA!

Dirigentes do Não fazem
promessa dramática aos Portugueses

Se votarem Não no no referendo, prometemos que DEPOIS de dia 11 seremos também a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado.

Friday, February 2, 2007

Serôdios e galegos

Irritam-me um bocadinho os fulanos que, ficando repousados no seu Olimpo privado a ver onde param as modas, vêm depois, a posteriori, muito pachecopereiramente dizer que
a) "a discussão não está a ser bem colocada por nenhum dos lados", ou que
b) "há excessivo ruído"
c) "ninguém está a ver bem o problema"
d) & etc.
Cada um é como cada qual e as pessoas têm direito a sentirem-se superiores a tudo o que lhes apeteça, desde que não incomodem os outros. O problema surge quando estes superiores profissionais (SP) acabam por tomar partido por um dos lados... só que tardiamente, depois dos outros (os que eles criticam) terem feito o trabalho de sapa, alombado com a saca (porque, embora seja um trabalho sujo, alguém tem de o fazer) de tomar posição pública sobre um determinado assunto.
O segundo problema, e mais grave, é que estes SP não são desguarnecidos de acesso aos media. Pelo contrário, ele são cronistas, ele são bloguers, ele são comentadores, ele são telecomendadores. Ou telecomandados, consoante o ponto de vista.
Gostam apenas de ver primeiro como param as modas.
O exemplo mais flagrante desta doença portuguesa -- à qual poderia chamar cobardia mas, enfim, chamemos apenas pose -- foi um cronista cujo nome não me ocorre que, quando do 11 de Setembro de 2001, levou quatro semanas, quatro, ou seja, uma eternidade, até escrever uns 1200 caracteres sobre o assunto. O argumento para tão serôdio juízo? Estava "de férias na Galiza" (sic).
No actual referendo, era simpático se os profissionais do Nim descessem da Galiza e fossem, pelo menos, com este ar que Deus nos deu, passear até Badajoz.

Thursday, February 1, 2007

A regra do jogo

Se bem percebo, um blogue tem de ser sistematicamente alimentado - nisso, embora rime com buldogue, é muito mais parecido com os monstros de Lovecraft, que pedem constante guarnição, de preferência humana.
Pois bem, aqui está.